domingo, 28 de fevereiro de 2010

A mulher de vermelho

Beck - Femme Fatale
Entrou no supermercado e pendurou um cesto no braço. A cada passo que dava a saia curta subia um pouco. O salto dos seus sapatos vermelhos ressoava pelos corredores vazios. Passou pelas garrafas de vinho e parou. Depois foi à peixaria e pediu duas postas de salmão fresco. Tinha que ser fresco. À volta agarrou no vinho branco que tinha escolhido antes. Ao pagar, o empregado não tirou os olhos das suas unhas intensamente pintadas de vermelho. Ela percebeu e gostou da sensação que isso lhe criou. Ao chegar a casa preparou o jantar e pôs a mesa. Havia dois pratos e dois copos. Colocou uma vela no centro, mas não a acendeu de imediato. Abriu a garrafa de vinho. Deixou o vinho respirar enquanto servia o peixe. Serviu o vinho. Acendeu a vela. Esperou um pouco. E depois começou a comer. No final de jantar pôs um cigarro na berma da mesa, com o filtro para fora. Levou outro à boca e acendeu-o. Quando terminou, pegou no outro prato, envolveu-o em película transparente e guardou-o no frigorífico. Foi deitar-se. Aninhou-se no único lado da cama que estava remexido. Enquanto adormecia, chorou um pouco. Não muito. Já tenho almoço para amanhã, pensou.

Nenhum comentário: